claudemir pereira

Jader e a tentativa de cavar protagonismo

Claudemir Pereira

No início da semana, nem bem havia passado um dia de sua oficialização como candidato a prefeito, e Jader Maretoli (foto), do Republicanos (com sua vice, a professora Maria Helena Rodrigues, do mesmo partido), protocolou na Justiça Eleitoral o pedido para que fosse firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). 

Deixe-se de lado a formalidade legal, que aponta ser esse tipo de documento apenas para resolver querelas já existentes, e que tem origem, fora do âmbito eleitoral, no Ministério Público. E o que sobrará? O óbvio: a tentativa (legítima) de cavar protagonismo numa campanha eleitoral em que ele até poderá chegar lá adiante, na linha de frente, mas, hoje, ainda ocupa papel secundário.

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Afinal, o que gostaria de "ajustar" o concorrente republicano? Basicamente, impedir que os adversários mais dotados de militantes os coloquem integralmente nas ruas de Santa Maria, pandemia a parte.

Assim, a diferença numérica seria zerada, e a disputa iria, definitivamente, para os dois únicos lugares aos quais a campanha acabará por ser confinada: a internet e o trololó eletrônico - leia-se, neste caso, a propaganda obrigatória no rádio e na televisão.

Embora com menos espaço nos veículos eletrônicos, Maretoli tem se mostrado capaz de ombrear-se aos demais possíveis candidatos quando o embate vai para as redes sociais. Ali, naquele terreno não raro pantanoso, com sua óbvia competência na comunicação (sim, o púlpito de um templo tem esse condão, também), o concorrente do Republicanos, com quem o apoia, imagina ser capaz de zerar o jogo.

Agora, noves fora o efeito midiático alcançado, o fato é que a atitude do candidato, no popular, afora inusitada, choverá no molhado. Sim, a própria Justiça Eleitoral já está a elaborar, a cada semana, um conjunto de regras restritivas que acabarão por consolidar a ideia de que a campanha deste ano poderá ser mesmo qualquer coisa, menos "de rua".

Na última terça-feira, por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já começou a tomar algumas atitudes. A principal delas tem a ver com o eleitor e a forma como ele terá que se portar nas seções eleitorais (o uso obrigatório de máscara) e até ao votar (com caneta própria). Mas, inevitavelmente, os protocolos a ser produzidos alcançarão os partidos e os candidatos.

Assim é que, respeitando decisão superior, do Supremo Tribunal Federal, que garante autonomia a Estados e Municípios para impor medidas "anticovid", o TSE acabará por interferir, "sugerindo" atitudes que serão seguidas pelas comunas. E todas tendentes a limitar, senão impedir as aglomerações.

De maneira que as pretensões de Maretoli, enfim, devem ser atendidas. Sem qualquer Termo de Ajustamento de Conduta, algo que, inclusive por esdrúxulo legalmente, tende a ser ignorado pela Justiça Eleitoral.

Surpresa? Improvável. Mas longe de impossível 
Há poucos dias (menos de duas semanas), o escriba fez, literalmente, as seguintes indagações ao advogado Evandro de Barros Behr: 

- Há alguma chance de NÃO (grifo da própria mensagem) concorrer em novembro? E, em caso positivo, qual seria a opção do Cidadania". A resposta foi curta e objetiva:

- Continuo firme no propósito de concorrer.

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Dito isto, há a possibilidade de mudança? Em política, sempre há. Mas é improvável. Em todo caso, observando o cenário e a movimentação de militantes, não se pode colocar nada na conta do impossível. Inclusive porque a convenção que oficializará a candidatura de Behr a prefeito (com a enfermeira Carla Kovalski, do mesmo partido, de vice) acontece no início da noite de terça. Até lá...

Mas a especulação não vem de graça. Está no bojo de outras movimentações, de partidos protagonistas da Frente Ampla Trabalhista. É fato que militantes do PSB, não se sabe quantos, mas não poucos, se mostram insatisfeitos com o fato de seu líder, Fabiano Pereira, não encabeçar a chapa, local destinado ao presidente do PDT, Marcelo Bisogno.

Como o seguro morreu de velho, ainda que os líderes não tenham (até o momento em que esta coluna é fechada) se manifestado, "planos B" são montados, na periferia das agremiações. É onde entra Evandro Behr, considerado, por muitos, o companheiro ideal para ser vice.

Detalhe: a menos que tenha mudado de posição, algo no que este repórter descrê, Behr é candidato a prefeito. E só a prefeito. Ou era, pelo menos, até a manifestação feita ao colunista.

Então, a Frente Trabalhista se entende ou busca outra alternativa, desde que longe do Cidadania. Palpite claudemiriano: Bisogno e Fabiano serão confirmados por PDT e PSB (e pelos aliados PC do B, Rede e PV). E a campanha? Ora, a campanha... se vê depois.

Alianças de prefeito e vice: na última hora 

  • NO FINALZINHO - Está tudo acertado, embora ninguém ainda confirme, por razões estratégicas, na aliança que colocará na mesma coligação o PSDB (que faz convenção apenas no dia 15) e seus aliados PSL, DEM e PTB. E com a dobradinha Jorge Pozzobom/Rodrigo Décimo (foto), do PSL, informação que o leitor deste espaço já tem há dois meses, quando aqui se antecipou o nome do vice.
    Com a coordenação de Fábio Bernardi, um dos veteranos do marketing eleitoral gaúcho (e com várias vitórias colecionadas), a tentativa de reeleição acontece. Mas agora com troca de parceiro prioritário, dada a tentativa solo do vice-prefeito 
  • SUPERALIANÇA - A coligação que reúne o outrora aliado de Pozzobom, o PP de Sérgio Cechin, terá a maior quantidade de partidos no mesmo consórcio eleitoral. A começar pelo MDB, que oferece o candidato a vice, o vereador de primeiro mandato e ex-secretário municipal de Saúde, Francisco Harrisson. Antes que a semana comece, a superaliança estará formalizada.
    Mas, atenção: por interferência direta dos comandantes estaduais, pelo menos um partido, o Podemos, ainda poderia trocar de lado - além do Avante, que já tomou a decisão de se retirar. A conferir. De todo modo, as outras siglas, ao que se sabe, estão firmes no apoio à dobradinha. São elas: PL, Solidariedade, PRTB, PROS e Patriota

LUNETA 

NAS INTERNAS 
Luciano Guerra (PT) há mais tempo. Jader Maretoli (Republicanos) mais recentemente. Ambos usam e abusam das "lives" via Facebook. Ganham visualização e "likes". Só o que não se sabe é se, afora militantes e mídia, o público é de não convertidos. Se mantidos "nas internas", os encontros têm efeito apenas como métodos para empolgar a militância. E pouco mais. Campanha, meeesmo, ainda não se sabe como será feito. 

FAKE LOCAL 
Aquilo que se via só de longe, nacionalmente, Santa Maria assistiu, nas redes sociais, nos últimos dias: uma "fake news" pra lá de antiética (e até desonesta) desinformando sobre o programa Diversidade na Escola. Algo bem próximo do nojento, para ser preciso. E gente daqui como patrocinadora. Ah, o projeto da edil Luci Duartes (foto) foi aprovado com apoios para bem além da questão partidária. 

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">REVERSÃO 
Os vereadores ignoraram as recomendações de inconstitucionalidade e derrubaram, por larga maioria, vetos do prefeito Jorge Pozzobom a dois projetos de origem legislativa: o que proíbe a inauguração e entrega de obras públicas inacabadas e o que ampliou o prazo de validade das credenciais de estacionamento para idosos. Detalhe: vetos não eram contra o mérito. Enfim, a época é... a época. 

DECISÃO 
Para quem acredita que ainda pode haver alguma mudança na Frente Ampla Trabalhista, melhor prestar atenção nas convenções municipais das siglas dos pré-candidatos a prefeito (Marcelo Bisogno, do PDT) e vice (Fabiano Pereira, do PSB). Os socialistas se reúnem para oficializar sua decisão segunda, dia 14, às 19h. Os pedetistas se encontram dois dias depois, às 14h. Ambos no Clube Comercial. 

PARA FECHAR 
O ex-prefeito municipal de Santa Maria, Cezar Schirmer, do MDB, divulgou no meio desta semana, nas redes sociais, um vídeo em que apresenta a sua trajetória política e se coloca oficialmente como candidato a vereador em Porto Alegre, para onde transferiu seu domicílio eleitoral. Detalhe: o audiovisual não faz qualquer referência aos quase oito anos em que foi prefeito da boca do monte.

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